Mudança atende exigência do STF e beneficia estados com crescimento populacional; proposta ainda voltará à Câmara para nova análise
O Senado Federal aprovou nesta quarta-feira (25) o projeto de lei complementar que aumenta o número de deputados federais na Câmara dos Deputados. A partir das eleições de 2026, a Casa passará a contar com 531 parlamentares, 18 a mais que os atuais 513.
A proposta foi aprovada com 41 votos favoráveis e 33 contrários, mas como sofreu alterações durante a tramitação no Senado, o texto precisa retornar para a Câmara dos Deputados para nova votação.
A mudança atende a uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou ao Congresso a aprovação de uma nova legislação até o dia 30 de junho deste ano, visando redistribuir o número de deputados federais de forma proporcional ao número de habitantes em cada estado. A última atualização nesse sentido foi feita em 1993.
A proposta prevê a manutenção das cadeiras dos estados que poderiam perder vagas, como Bahia, Rio de Janeiro, Paraíba, Piauí e Rio Grande do Sul, e ampliação das vagas para estados que registraram crescimento populacional. Veja quais estados serão beneficiados:
Pará: +4 deputados
Santa Catarina: +4 deputados
Amazonas: +2 deputados
Mato Grosso: +2 deputados
Rio Grande do Norte: +2 deputados
Ceará: +1 deputado
Goiás: +1 deputado
Minas Gerais: +1 deputado
Paraná: +1 deputado
Um dos pontos mais polêmicos da proposta foi o impacto financeiro. Para conseguir a aprovação no Senado, o relator, Marcelo Castro (MDB-PI), incluiu um dispositivo que proíbe aumento de despesas na Câmara entre 2027 e 2030, mesmo com os novos parlamentares. A regra também impede a ampliação de verbas de gabinete, cotas parlamentares, auxílio-moradia e passagens aéreas, permitindo apenas atualizações monetárias anuais.
“Não haverá impacto orçamentário de nenhum centavo”, garantiu o senador Marcelo Castro.
Apesar disso, parlamentares contrários à proposta, como o senador Eduardo Girão (Novo-CE), alegaram que o aumento inevitavelmente trará custos adicionais. Segundo ele, a estrutura necessária para acomodar os novos deputados, como apartamentos funcionais e gabinetes, poderá elevar os gastos em até R$ 150 milhões por ano.
“Se já houve aumento de emendas sem os 18 deputados, imagine com eles”, criticou Girão.
As futuras redistribuições de cadeiras obedecerão aos dados oficiais de censos do IBGE, sendo proibido o uso de estimativas ou pesquisas amostrais. A próxima atualização poderá ocorrer após o Censo de 2030.
Com o aumento no número de deputados federais, haverá também mudanças na composição das Assembleias Legislativas Estaduais, conforme previsto na Constituição. A regra determina que cada estado tenha três vezes o número de deputados federais, até 36, acrescido do número de cadeiras acima de 12.
Por exemplo: se um estado passar a ter 13 deputados federais, sua Assembleia poderá ter 37 deputados estaduais.
O projeto é originário da Câmara dos Deputados e foi apresentado como alternativa para atender a decisão do STF sem reduzir o número de cadeiras dos estados que perderiam representantes com a redistribuição proporcional. A solução encontrada foi aumentar o total de vagas, preservando o número atual nos estados com queda populacional.
A proposta agora retorna para a Câmara dos Deputados, onde será novamente analisada antes de seguir para sanção presidencial.